terça-feira, 29 de abril de 2008

Cabras não têm grandes ambições.

Mas que droga!

Eu não nasci para ser cabra.

Bem que eu queria. Viver feliz, atrás de uma cerca, mascando, mascando, mascando e cagando.

Vez por outra procriar, cagar novamente e mascar. Não necessariamente nesta ordem.

Mas não. Alguma coisa inquieta meu espírito desde que nasci.

Vi em algum lugar da televisão que existe uma espécie ovovivípara de tubarão no litoral africano que mantém os filhotes dentro de si antes de soltá-los para o meio. Antes de nascerem, eles já estão em guerra entre si, com irmãos matando uns aos outros. Morrem todos, e só sobra um. O assassino melhor selecionado de todos.

Eu acho que eu sou assim. Eu deveria ser muito egoísta quando era criança... Aliás, ainda sou... Mas devia ser pior...

Eu vejo as crianças de hoje. São animais extremamente cruéis.

Eu acho que um empurrãozinho de nada do meio ambiente já é suficiente para fazê-los matar uns aos outros.

Em uma das minhas lembranças de infância, lembro-me que briguei na escola um dia. Não sei o por quê. Mas devo ter apanhado muito, pois sou muito fraco. A única coisa que me lembro é a imagem do homem que varria a escola.

Era um homem alto, muito alto, com uma barba branca imensa que chegava até o peito. Ele ficou olhando tudo acontecer e quando acabou, aproximou-se de mim. Eu chorava e estava com muita raiva. Ele disse:

_Isso é realmente necessário?

Olhei para ele sem saber o que responderia. Ainda soluçava de ódio.

_É necessário que isso aconteça? – Perguntou de novo.

Continuei sem responder. Ele então levantou o tom de voz, perguntando, com mais firmeza:

_E você! – apontou-me o dedo. – É necessário que você exista?

Comecei a chorar mais ainda.

_Pense sobre isso. – Disse com uma voz muito firme.

Nunca mais vi esse homem. Mas já era velho naquela época, já deve ter morrido.

E eu não sei por que eu me lembrei dessa história se era de cabras que eu estava falando.

E não sei por que nasci para querer ajudar a querer consertar o que não pode ser.

Eu nasci com a maldição da consciência. Agora, nunca mais serei feliz como uma cabra.

É melhor viver feliz em ignorância ou no pesadelo da lucidez?

É melhor reinar no inferno ou servir no céu?

Não sei.

Felizes são as cabras.

Mas pensando bem, acho que aquela mulher tinha razão.

E quando tudo está acabando, você percebe melhor as coisas.

sábado, 26 de abril de 2008

O segundo sonho.

Tive mais um sonho daqueles, com história, começo meio e fim.

Eu estava deitado em minha cama, e ao meu lado estava aquela moça que aparece em meus sonhos e sorri para mim.

Vergonhosamente perto de mim, a olhar para o teto e sorrir.

Viciosamente, viajo em seu rosto admirando cada milímetro de sua pele macia. Seus olhos esmeralda fitam alguma coisa invisível no teto. Seus cabelos castanhos espalham-se pelo lençol, parte deles sobre mim.

E parece que eu já a conheço há muito tempo e conversamos como se já tivéssemos conversado antes inúmeras vezes.

E ela me pergunta, com sua voz macia, quase infantil:

_Se você fosse um animal, qual seria?

E com uma naturalidade que só acontece nos sonhos surreais eu respondo:

_Não sei, talvez um herbívoro.

_Por quê? – Ela me pergunta com olhar de pena, como se eu tivesse escolhido alguma coisa ruim.

_Por que assim eu não teria que matar ninguém para ter que sobreviver. – Respondo.

_Cabras, vacas e carneiros não tem graça nenhuma. – Diz a moça. – Eu queria ser um gato. A vida de um gato é muito mais emocionante que a vida de uma cabra.

_Mas gatos são assassinos por natureza! – Respondo.

_E daí? – Ela pergunta rindo. – Quem é que sabe realmente o que é errado afinal? Com tanto sofrimento no mundo, que mal existe na morte? Tem coisa muito pior para se fazer do que deixar de comer carne.

E continuou rindo, olhando para o teto.

E eu quis que aquele momento durasse para sempre, mas fui aos poucos acordando e percebendo que tudo voltava para a mesma solidão normal de todos os dias.

E não sei por que sinto isso. Ou por que sonhei isso.

Acho que é por que vi que algum amigo meu participava de uma comunidade no orkut chamada “cabras não tem grandes ambições”.

Devo ter ficado com isso no meu subconsciente.

Droga de subconsciente.

Preciso terminar logo o que eu tinha para fazer.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Insone lucidez.

Todo dia eu me pergunto um milhão de coisas.

Até aquelas que eu já perguntei ontem e sei que vou continuar perguntando amanhã, mesmo sabendo que não vou conseguir responder.

E nos últimos dias, a pergunta que mais me aflige é “que diabos está acontecendo comigo?”

Vou ser mais honesto contigo.

Dizer mais sobre mim.

Sinto que preciso.

Sinto que, se acontecer alguma coisa comigo, eu preciso de um lugar que guarde, ainda que ínfima, uma parte da minha memória.

Se não fui claro, houve motivos.

Comecei a escrever essa página sob orientação médica e científica.

No começo pensei que realmente fosse me ajudar. Hoje, não sei.

Eu havia acabado de ler um livro. Um livro que me tocou como nunca. Um livro que tomou minha mente. E já não conseguia pensar em outra coisa.

Tentei escrever algo a respeito, mas desde que comecei esse blog, não tenho tido tempo para mais nada.

Comecei a escrever um livro.

Mas só consegui escrever 8 páginas, em papel A4, espaçamento duplo.

E para atrapalhar mais ainda, ainda tinha o Jogo.

Mas o pior de tudo eram os sonhos.

Os sonhos pioraram cada vez mais.

E hoje estão insuportáveis. Já faz um tempo absurdo que não consigo dormir. Tenho sonhos acordado que não sei se são sonhos, pois estou cansado demais para perceber.

Vejo mendigos por todos os lados. Sorriem para mim.

E tem aquela moça.

Que aparece sorrindo.

E cujo rosto, eu nunca antes havia visto.

Ela parece um anjo.

Mas não diz nada.

Apenas olha para mim.

E sorri.

E hipnotiza-me.

E cá vou eu, intrometer-me em meio aos meus lençóis mesmo sabendo que o sono nunca virá, e se vier, será pior.

Mas o que me conforta é saber que está acabando.

Boa noite.

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Se você me visse.

Se você me visse, veria um homem magro, óculos profundos.

Obviamente não sou a foto em preto e branco do meu blog.

Nem ninguém que você realmente conheça. E se você me encontrar e me perguntar se eu estou escrevendo esta página, direi que não. Assim nunca terás prova de que sim e nem de que não.

Portanto, se você acha que pode me conhecer, tire isso da cabeça. É mentira.

Não sou em preto e branco e tampouco a pessoa da foto. Um doce para quem acertar quem é.

O ponto de vista é o ponto da questão.

Não sei como a maioria das pessoas me vê, mas tenho impressões.

Não sou de muitos amigos. E todos eles estão no Orkut. Converso com alguns.

Alguns escrevem em blogs. Alguns são interessantes.

Mas se você me visse, nunca iria imaginar o que é que se passa em minha mente. Iria apenas perceber a presença de um homem pequeno, encolhido na poltrona de sua melancolia e ainda que poeticamente isso soe perfeito, na prática é bem normal.

Hoje em dia todo mundo faz isto.

As pessoas que sorriem são falsas. Os tapas nas costas dos amigos são irônicos.

Os sorrisos expressam apenas sarcasmos.

Eu sei que eles fazem piadinhas sobre mim. Sobre como sou magro. Como sou pequeno. Como sou estranho. Brincam dizendo que sou terrorista, apenas por causa da minha barba comprida.

O que é que eles sabem sobre terrorismo?

O que é que você sabe?

Alguns pensam que eu me drogo.

Nenhum deles entende por que é que nunca tive uma namorada.

Por que é que eu tenho que ter uma namorada?

Mas no fundo, se você me visse, não iria entender nada.

Da mesma forma como eu não entendo.


E tento todos os dias.

Acordo e olho para o espelho.


E só vejo você me olhando de volta.





Seja lá quem você for.

Mas o que eu tinha para fazer aqui já está quase no fim.


Não nos veremos por muito tempo.

sábado, 19 de abril de 2008

Uma resposta.

Beatriz Vernitz um dia me perguntou

“Se existisse alguém SUPERIOR, você acha que ele teria feito um livro?


E porque ele surgiu assim do nada??

E os povos anteriores ao surgimento do livro?


A Biblia é só mais um livro de ficção que deu certo...

A diferença é que todo mundo passou a acreditar nele!”

Eu respondi:

“Se você procurar bem verá inconsistências em todo o tipo de conhecimento humano.


Além disso, o que faz as pessoas passarem a acreditar em algo? Para alguns, qualquer coisa. Para outros, quase nada. Para a maioria, tanto faz.”

Então conheci Rebeca Werner, que me disse que “Era importante acreditar em algo” e que “Você merece aquilo que você acredita”.

No começo eu confundi as duas, pensando que uma era uma e uma era a outra, mas desfeita a confusão, vai aqui minha resposta para Rebeca Werner. Pelo menos o começo dela.

OK, Rebeca. Eu acredito no mundo das idéias. Eu acredito no mundo das minhas idéias. Eu acredito que existe um universo dentro da minha mente. O que existe fora da minha mente?

Sensações.

Percepções limitadas por apenas cinco sentidos. E meus sentidos são fracos. Extremamente limitados. Enxergo pior que muitos insetos. Meu olfato é uma vergonha para os mamíferos.

E pior. Sou controlado por minhas sensações. Elas tomam conta de mim. Procrie, brigue, mate, roube, ame e tome.

Exatamente como faziam meus ancestrais.

E hormônios. E transtornos obsessivos e compulsivos. E vícios. E depressões.

Tudo isto representa o controle que o mundo natural tem sobre mim. O mundo das minhas idéias é bem diferente.

Eu não sou aquilo que você acha que eu sou.

Mas você é aquilo que eu acho que você é.

Você é aquilo que alguém que não te conhece acha que é.

Você não é só o que você pensa.

Nem o que eu, ou qualquer outra pessoa possa pensar.

Como vê, eu acredito em algo.

E isto é o começo.

E tem a ver com o Livro que eu li.

E não é esse livro que seu amigo disse que escreveu.

Por que esse livro também não foi escrito por ele.

E tem a ver com um jogo que existe por aí.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Jogadores.

Já ficou deitado na cama, olhos abertos, sem conseguir se mexer? Isso aconteceu comigo hoje. Fiquei muito tempo assim, sem saber por que. Foi então que me esforcei muito, e consegui. Levantei-me, fui até a porta do quarto, virei-me e olhei para a cama. Lá estava, eu mesmo, ainda deitado na cama.

Gelei e acordei assustado. Fui caminhando para o trabalho hoje, preciso começar a fazer exercícios. No caminho, tive a nítida sensação de ter alguém me observando. Algumas vezes, olhei para ver o que era e não havia ninguém. Pode parecer absurdo, mas posso jurar que em uma dessas vezes eu vi alguém que se parecia muito comigo, pelo menos de costas, virando uma das esquinas...

Mas é claro, quem é que acreditaria, tampouco eu acredito. Não sei nem por que estou escrevendo sobre isto. Aliás, nem sei por que é que estou escrevendo neste negócio de blog. E já faz talvez um mês. Mas já parecem séculos. Ao mesmo tempo que parecem segundos.

E tem mais.

Fiquei sabendo que existe alguém por aí fazendo-se passar por mim. Usando minhas fotos. Conversando com pessoas e dizendo que sou eu.

Teve um que teve a cara de pau de espalhar boatos para seus amigos que era ele quem estava escrevendo minha página. Recebi um e-mail de uma dessas pessoas. Tratava-me como se me conhecesse.

É mentira. Eu não sou um personagem fictício que seu amigo disse que inventou. Ele está tentando se apoderar de palavras que não saíram de sua mente.

Essa pessoa que você conhece é na verdade um Anarquista Intelectual.

Mas é um mentiroso.

Não foi ele quem escreveu.

Ele acha que pode apropriar para si idéias dos outros, só por que acha que concordou.

E o pior é que ele irá te dizer que foi ele quem escreveu isto, apenas para testar sua credulidade.

E você nunca conseguirá provar.

E vai se sentir tão ridículo perguntando pra ele se é ele mesmo quem está escrevendo que não dirá nada.

E ele continuará a te manipular.

Pois ele é um jogador.

Um manipulador.

Cuidado com os jogadores.

Até mais.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Presente.


“A vida humana não passa de um sonho. Mais de uma pessoa já pensou nisso. Pois essa impressão também me acompanha por toda a parte. Quando vejo os estreitos limites onde se acham encerradas as faculdades ativas e investigadoras do homem, e como todo o nosso trabalho visa apenas a satisfazer nossas necessidades, as quais, por sua vez, não têm outro objetivo senão prolongar nossa mesquinha existência; quando verifico que o nosso espírito só pode encontrar tranqüilidade, quanto a certos pontos das nossas pesquisas, por meio de uma resignação povoada de sonhos, como um presidiário que adornasse de figuras multicoloridas e luminosas perspectivas as paredes da sua cela... tudo isso, Wilhelm, me faz emudecer. Concentro-me e encontro um mundo em mim mesmo! Mas, também aí, é um mundo de pressentimentos e desejos obscuros e não de imagens nítidas e forças vivas. Tudo flutua vagamente nos meus sentidos, e assim, sorrindo e sonhando, prossigo na minha viagem através do mundo.”

(Goethe)

“Por que é importante acreditar em algo?

Porque se você não acredita você fica sem nada. Solto no espaço, sei lá... é assim que eu me sinto. Se você não acredita em nada você fica triste, porque não acredita em nada. Quando você tem uma convicção é como se a vida fizesse mais sentido. Você pensa "ahh, então é pra isso que eu tô aqui, vamo lá então!".

Se você não acredita não funciona, é só isso. “

(Beatriz Vernitz)

Recebi estes versos de presente de uma amiga minha.

Postei-os apenas para reflexão.

Ainda estou pensando sobre tudo isso para poder ter alguma opinião e discutir a respeito...

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Eu queria...

Eu queria ser alguém que acha que vale à pena acreditar, não refutar tudo.

Que acredita e tem esperança, ainda que pense que perdeu toda a esperança que tinha.

Que persiste ainda que continue devagar, que não desiste, continua.

Eu queria perceber nos dias não só suas aflições, mas também suas graças, seu aprendizado.

Eu queria acreditar menos no que os livros dizem...

Ah! Seria tão bom acreditar nas pessoas e sobretudo em Deus!!!!!

Eu queria saber perdoar.

Eu queria não condenar a mim mesmo. Eu queria tolerar meus defeitos e o das outras pessoas.

Eu queria entender o que eu sinto, e saber ser egoísta na medida certa.

Eu queria aprender a amar e deixar as pessoas felizes.

Eu queria não gostar de deixar os outros tristes, e que todas as minhas vilezas fossem sem querer.

Eu queria ser atemporal, acreditar que ninguém é velho ou novo demais, considerar a todos com o mesmo respeito.

Eu queria achar graça nas coisas. Até mesmo naquilo que não tem graça nenhuma.

Eu queria entender por que eu sinto ódio de mim. Por que tenho vontade de matar. Por que meu egoísmo me permite matar a todos, menos a mim.


E ainda queria saber afastar todas as minhas irritações, minhas tristezas e minhas desilusões, e entender que tudo passa, e que se tem coisa melhor pra sentir.


Eu queria adorar a viver.

Eu queria ser normal, mesmo que para isso eu não precisasse pertencer a nenhum outro grupo de pessoas. Eu queria ser normal sempre, não para isso ou aquilo.

Eu queria aprender a entender sabedoria popular.

Eu queria saber inventar as coisas, sem precisar que ninguém precisasse me ensinar nada. Eu queria saber organizar minhas idéias.

Eu queria me contentar com pouco e ainda assim conseguir ser idealista. Eu queria saber me divertir.

E eu queria querer continuar como eu sou, não ficar toda hora de saco cheio da carapaça antiga e querer mudar aquilo que sou.

Eu queria ter uma velha opinião guardada sobre tudo, para que não precisasse mudar o que acho a cada instante e viver feito um doido preso em um manicômio dentro de mim mesmo.

Eu queria...

Mas alguma coisa me impede.

E sempre me leva de volta.

Para o mesmo lugar.

E ainda estou tentando entender por quê.

Eu queria...


Mandar um abraço para meus amigos Raul Seixas, Fernando Pessoa e Rebeca Werner, pela inspiração neste post.

terça-feira, 15 de abril de 2008

Beatriz Vernitz

Conheci uma pessoa muito interessante. O nome dela é Rebeca Werner, mas talvez já tenha sido Beatriz Vernitz, mas não sei por quê. E vivia com esses problemas de crise de identidade, pois se você pedisse para ela dizer quem ela era, ela diria que não sabia, admitindo já de início não reconhecer sua própria identidade. Mas diria ainda que qualquer outra pessoa poderia responder, por pensarem que a conhecem. Ela é uma entidade desconhecida por todos e até para si mesma.

Gosta de livros envolventes, principalmente a série Sandman... Mas sua paixão mesmo é música, em particular musicais. Daqueles com mensagens bonitas que nos fazem refletir sobre o quão bonita a vida é.

Gosta de parecer diferente, ainda que os amigos não entendam por que ela faz isso.

E mais. Rebeca Werner tem um segredo. Ela possui superpoderes. Rebeca Werner tem apenas 16 anos de idade mas já desvendou todos os enigmas ligados à existência do ser humano. Ela domina o conhecimento da moral universal, que nada mais é que apenas um reflexo de seus mais internos anseios.

E mais! Essa divina criatura possui até privilégios no mundo digital, pois conseguiu que o orkut permitisse que ela fizesse parte, mesmo que fosse proibido a todas as outras pessoas menores de 16 anos.

Mas tem mais ainda. Eu descobri várias coisas. Vários postulados. Tudo o que eu tenho que fazer é aprendê-los para que possa ensinar para o resto do mundo. Entre as coisas que aprendi com esse distinto ser constam:

1- Neil Gaiman é muito melhor e mais interessante que Freud e Jung.

2- É necessário acreditar em algo.

3- Você é merecedor do que acredita. (enigmático este, não?)

4- Fornicação é errado.

5- A morte é absoluta.

Ótimo! Estou tentando entender essas daqui, mas percebo que tenho muito mais a aprender... Espero sinceramente que ela me responda, pois não entendi muita coisa do que ela disse até agora... Não parece fazer muito sentido para mim... Mas ainda tenho muito a aprender com Rebeca Werner.

E tem mais!

Ela é real.

E eu gostei de conversar com ela.

Abraços, Rebeca.

domingo, 13 de abril de 2008

Os comentários desta página.

Você começou a ler as coisas que escrevi e uma das coisas que te prendeu aqui foi uma curiosidade quase mórbida em querer descobrir que estou escondendo alguma coisa muito ruim sobre mim. No fundo, queria que fosse assim, apenas para saciar um desejo bizarro de ver coisas estranhas. Algo diferente do que você acredita que esteja dentro dos padrões normais de comportamento humano.

Mas por que você se importa tanto com isso? Teve uma pessoa, outros desses malucos que postam comentários neste blog, que assinava apenas “--{@”, e que disse que a sanidade é uma utopia e que preferia que eu não me identificasse... No fim das contas, você parou para refletir sobre a real necessidade de saber a identidade do autor das coisas que lê? No fim das contas não é tudo uma mistura única de tudo aquilo que humanos fizeram ao longo desse tempinho que estão por aí? Existe algo realmente relevante?

Mas sem desviar demais do assunto principal, foi mais ou menos neste post que surgiu a pessoa mais estranha de todas até então. Pelo menos a única que pude realmente identificar. O nome dessa pessoa é Beatriz Vernitz. Eu queria saber mais sobre essa pessoa. Ela talvez esteja lendo isso agora, ou talvez tenha simplesmente abandonado a leitura e nunca vai saber que escrevi sobre ela.

Ela disse que achava que eu estaria em uma crise e queria contar algo, como se eu estivesse com problemas. Confessou ser uma desocupada, que perdia tempo lendo blogs anônimos em noites de feriado... Falou também de um amigo invisível que ela teve... Um rato. Teve até um engraçadinho anônimo que brincou com essa história... Mas talvez não seja só isso. Talvez essa pessoa esconda algo que nem eu, nem nenhuma das pessoas que perde tempo lendo esse blog possa imaginar.

Depois teve um outro brincalhão que disse que eu estava precisando encontrar a Jesus. Deu até o endereço: Rua Apocalipse, nº666Bairro: Paraíso. É tamanha originalidade que fiquei impressionado.

Pior que esse cara só um outro anônimo que comparou a vida com o ato de defecar. Começa com um ato de expelir. Uma sensação única e maravilhosa. Logo tudo vai ficando maior e cada vez mais gostoso!Na hora em que está pra acabar, você sente aquele cheiro fétido, se limpa, olha para privada e vê que tudo não passou de uma grande merda.

Esse anônimo mudou a minha vida. Nunca mais caguei do mesmo jeito que antes. Fiquei me perguntando quem é que seria esse ser. E continuo me perguntando quem são todos vocês, se é que vocês existem...

Surpresas no próximo post.

sábado, 12 de abril de 2008

Oniromancia.

Oniromancia. É o nome dado à previsão do futuro pela interpretação dos sonhos. Tem grande credibilidade nas religiões judaico-cristãs: consta na torá e na bíblia que Jacó, José e Daniel receberam de Deus a habilidade de interpretar os sonhos. No Novo Testamento, São José é avisado em sonho pelo anjo Gabriel de que sua esposa traz no ventre uma criança divina, e depois da visita dos Reis Magos um anjo em sonho o avisa para fugir para o Egito e quando seria seguro retornar à Israel.

Na história de São Patrício, na Irlanda, também figura o sonho. Quando escravizado, Patrício em sonho é avisado de que um barco o espera para que retorne à sua terra natal. No Islamismo os sonhos bons são inspirados por Alah e podem trazer mensagens dininatórias, enquanto os pesadelos são consideradas armadilhas de satã.

Filósofos ocidentais eram céticos quanto ao tema religião e sonhos, por alegarem que não haveria controle consciente durante os sonhos, mas estudos recentes analisando movimentos dos olhos (REM) durante o sono mostram resultados cientificamente comprovados com sonhos lúcidos, que se contrapõem às teorias anteriores.

Pensadores e matemáticos como René Descartes e Friedrich August Kekulé von Stradonitz também tiveram em sonhos visões reveladoras. Em 10 de Novembro de 1619 Descartes em viagem à Alemanha teve uma visão em sonho de um novo sistema matemático e científico. Kekule propôs em 1865 a fórmula hexagonal do benzeno após sonhar com uma cobra que mordia a própria cauda.

Sabe o que é pior disto tudo? Meus sonhos estão começando a acontecer. Coisas que sonhei e já tinha até me esquecido que havia sonhado com elas. Quando elas acontecem, eu me lembro imediatamente. Isso sempre aconteceu comigo... Deja vu. Mas agora está ficando quase insuportável. Coisas que eu nem sonhei de noite, mas que imaginei durante o dia, enquanto fazia outra coisa...

Esses dias sonhei que meus pais haviam me jogado para fora de uma janela e que eu caía e caía até sentir um peso no peito horroroso. Depois vi a notícia da menina que foi jogada, talvez pelos pais, da janela de seu apartamento e numa bizarra associação, senti ânsia de vômito. E olha que eu nunca me impressiono com histórias assim, por mais bizarras que possam parecer...

E tem também aquela terrível sensação de estar sendo observado. De ter alguém nas costas, mas não conseguir olhar para trás. Arrepios, do nada, mesmo sem frio. O tempo inteiro. Principalmente quando estou na rua. Mendigos. Vejo em todos os lugares. O tempo inteiro. Parecem me encarar. Parecem me conhecer. A sensação é horrível. Parece que estou vivendo agora o que já me aconteceu antes.

Eu fico o dia inteiro com a sensação de que preciso lembrar-me de algo, mas nunca sei o que é. Agora imaginem se um dos meus sonhos um dia se tornasse realidade. Eu descobrisse que tinha a capacidade de fazer premonições... Será que eu seria capaz de mudar o curso das coisas? Ou estaria tudo predestinado a acontecer, eu pudesse ser testemunha do futuro no passado, mas nada pudesse fazer para mudar o que eu vi? Sei lá. Acho que estou assistindo a muitos filmes. Até mais.

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Super Heróis.

Outra coisa sobre mim: Cresci nos anos oitenta. Assistia He-Man e caverna do dragão. Fui alimentado pela indústria dos sonhos da televisão. Acreditava piamente que um dia eu me tornaria um herói. Se eu não tinha poderes, um dia ainda teria. Mas aí um dia, aos 5 anos de idade, tentei pular de um muro para me segurar em um galho, assim como o Batman sempre faz e caí, em cima do meu braço. Quebrei.

E quebrei a cara. Foi uma desilusão horrível. Pior que esta só quando finalmente me dei conta, aos 8, que o papai noel realmente não existia. Mas eu ainda queria ser um herói... E como eu não teria super poderes, e nem o dinheirão do Batman para comprar todas aquelas geringonças, precisava de outro referencial... Foi quando descobri... Stephen Spielberg!

Isso mesmo! Indiana Jones! O cara era normal, só tinha uma imensa sorte e um conhecimento imenso de línguas, geografias e história. Mas para ser como ele eu tinha que estudar muito sobre história. Foi quando eu comecei a estudar. E estudava muito, preso dentro de casa, só. E mergulhei em mim mesmo, em minha mente. Até que mergulhei tanto, que deixei de acreditar em mais um dos heróis dos quais haviam me ensinado a idolatrar.

Um tal de Jeová. O Deus. E Deus ta vendo. E Deus castiga. Deus é quem sabe. Ouvi essas coisas a minha vida inteira, e chegou um momento em que elas começaram a me perturbar profundamente. Toda a história do velho testamento é recheada por um tempero de um deus vingativo, pró-guerras. O “Senhor dos Exércitos”. Expulsou Adão e Eva do paraíso por que eles desobedeceram, sendo que ele (pelo menos no Gênesis) nem explicou por que eles não deveriam ter feito o que fizeram. Então temos que obedecer cegamente, sem saber por que?

Eu não sou muito bom neste negócio... Obedecer. Confesso. Mas tem histórias piores. Queimou Sodoma e Gomorra aparentemente por que os carinhas dessas cidades eram pervertidos sexuais... E daí? Até hoje ninguém conseguiu me convencer com qualquer argumento lógico por que é que se deve impor barreiras para controlar o comportamento sexual das pessoas. Salvas algumas exceções, claro, como a pedofilia ou, talvez, a zoofilia.

E teve até um cara (anônimo, como eu) que fez um comentário em uma das mensagens lá atrás, sugerindo que eu podia ter alguma “anomalia” sexual. Ser gay, pedófilo ou até zoófilo. Não vou comentar nada a respeito da minha sexualidade, pois ainda não é o momento, mas não sou nenhuma dessas coisas.

Sou apenas um cara, puto da vida com o fato de ter descoberto que nunca serei um herói. Nunca terei super poderes. Talvez nunca faça nada digno de admiração. Aí eu me pergunto... Valeu a pena eu ter existido? Para ser apenas mais um personagem secundário desta história idiota que este tal de Jeová está escrevendo? E a peça já começou. Não dá mais para mudar de personagem. Só podemos escolher como é que vamos atuar.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Sonhos acordados

Eu vou contar mais uma coisa sobre mim. Sou absurdamente distraído. Perco todos os meus guarda-chuvas. Esqueço nomes de pessoas, caminhos para os lugares. Perco-me nas direções. Tenho dificuldades para saber qual é a minha direita e qual é a minha esquerda.

E o motivo de tudo isso, eu já sei. Eu fico o tempo inteiro pensando. Qualquer coisa, besteiras mil. Mas na maioria das vezes são histórias. Já escrevi em minha mente umas mil versões da história sobre o que eu faria se ganhasse na loteria. Fico inventando filmes em minha mente. Vídeo-clipes. Invento músicas, imagino que estou tocando determinada música, uma hora eu canto, em outra toco bateria e ainda tenho tempo de sair correndo e pegar na guitarra para fazer o solo.

Faço planos enormes, para os próximos 30 anos. Já me imaginei prefeito, governador, presidente, embaixador, presidente geral da ONU... Já imaginei como seria meu programa de televisão. Já idealizei um canal de televisão, uma gravadora na qual só entrariam as bandas que eu gostasse. Imaginei que eu tinha um harém. Imaginei cada uma das 20 mulheres que eu teria. Imaginei detalhes arquitetônicos da minha mansão. Já inventei um bar, um clube, uma escola. Uma reforma educacional para o país. Outra política. E todas faziam um enorme sentido, apesar de saber que nunca dariam certo.

E de tanto imaginar essas mil coisas, na maior parte do tempo eu não estou presente na realidade. Mas isso sempre foi assim, e isso nunca foi um problema tão grande... É claro que já sofri um acidente por que estava desligado enquanto dirigia e já me atrasei por errar os caminhos centenas de vezes... Mas nada disso chega perto das coisas que tem acontecido ultimamente, desde que comecei a ler aquele maldito livro. E o pior é que as coisas pioraram ainda mais desde que comecei a escrever neste maldito blog.

E o pior é que eu não consigo parar. E a minha própria imaginação está ficando cada vez mais real. Tão real, que às vezes eu prefiro não sair de lá, e ficar imerso em meu mundo, que eu construí para mim mesmo, com todos os meus sonhos. Com todas as coisas no lugar, pessoas fazendo exatamente o que eu quero.

Mas aí eu acordo e percebo que tudo é diferente. Eis o presente mais irônico já dado pelos deuses. Tua consciência. Com ela és capaz de brincar de ser Deus. Pode criar um universo inteiro, do jeito como bem entender. Mas jamais poderá esperar que as coisas do mundo concreto obedeçam a seus anseios, por que, na maioria das vezes não obedecem. Às vezes o que elas fazem é contrariar totalmente. Parece até que é de propósito.

E é quando você fica puto com o autor invisível que escreve a história da tua vida. Por que você não queria que fosse assim. Você consegue sempre imaginar um final melhor para a história que ele está inventando, pelo menos quando é você mesmo o personagem. Mas aí você se pergunta... Se os personagens escrevessem a própria história, teria alguma graça?

terça-feira, 8 de abril de 2008

O livro dos sonhos

Essa noite tive mais um daqueles sonhos recorrentes idiotas. Daqueles que eu sonho desde que sou criança... Sonhei que tinha ido ao trabalho e que havia me esquecido de colocar as calças. Só descobri quando já estava no trabalho, e todo mundo percebeu e riu da minha cara.

A pior parte, é que no sonho, não sei por que, lembrei-me que esse era um sonho recorrente, que eu tinha desde criança. Mas era estranho, por que daquela vez não era um sonho, pelo menos pra mim que estava sonhando, pois tudo parecia absurdamente real.

Você não fica assustado quando sonha alguma coisa que parece absurdamente real? Eu fico. Então tentei bancar o meu próprio analista e interpretar meu próprio sonho... Pensei que talvez isso estivesse acontecendo por que eu estaria passando por algum processo que estaria me confrontando com minhas próprias vergonhas... Aí lembrei-me do blog.

O blog é a sombra, minha força maligna. Os aspectos não aceitos da minha personalidade? Teria isso alguma coisa a ver com minha timidez? Com alguma coisa que não contei até agora? Que nunca vou contar? Que já contei? Não sei.

Dizem que os sonhos demonstram aspectos da vida emocional. Sua linguagem é representada por símbolos. Para entender seus variados conteúdos, temos que estudar os simbolos. Segundo Jung, enquanto o inconsciente pessoal consiste fundamentalmente de material reprimido e de complexos, o inconsciente coletivo é composto fundamentalmente de uma tendência para sensibilizar-se com certas imagens, ou melhor, símbolos que constelam sentimentos profundos de apelo universal, os arquétipos.

A neurociência, entretanto, afirma que o sonho é apenas uma espécie de tráfego de informação sem sentido que tem por função manter o cérebro em ordem. Essa teoria só não explica como esses enredos supostamente desconexos são responsáveis por grandes insigths, como em Thomas Edison, por exemplo. Edison, que estava a desenvolver o fonógrafo e dormia muito pouco, certa vez sonhou com a manivela, finalizando o seu projeto em 1877.

Francis Crick, um dos cientistas que descubriu a forma em dupla hélice da molécula de DNA, sonhou com duas cobras entrelaçadas na noite anterior à grande descoberta. O beatle Paul McCartney sonhou com uma melodia, acordou, foi para o piano e compôs “Yesterday”, um dos maiores clássicos de todos os tempos. Há muitos outros casos de sonhos reveladores em várias áreas da ciência e da arte. O que não impede que os sonhos sirvam também para recuperar a saúde do organismo e do cérebro.

Eu já sonhei com resoluções de problemas matemáticos. Já sonhei com músicas, e as escrevi quando acordei. Sonhei com histórias, inteiras.

Na maioria das vezes, quando sonho, eu sou a pessoa que vivencia a história, mas algumas vezes, não, é como se eu tivesse vendo um filme, e as cenas passassem em frente a meus olhos, como uma revelação.

Você consegue imaginar um livro que foi escrito apenas com imagens de sonhos que se juntam? Você conseguiria interpretar os símbolos? Para onde eles levariam? E se eles representassem alguma coisa na qual você se identificou? Andei pesquisando sobre isso. Se alguém souber alguma coisa a respeito de alguém que teve alguma idéia parecida, me avise. David Lynch trabalhou algo parecido em seus filmes, em especial Mulhohand Dr. Tem também um blog com coisas muito interessantes. Chama-se Crônicas Oníricas e o Link está fixado na coluna à direita do meu blog. A história é horripilantemente familiar para mim.

Recebi alguns e-mails de pessoas dizendo que estou enrolando muito para revelar características ligadas à minha pessoa. Acho que as pessoas querem ler sobre características pessoais umas das outras quando visitam blogs. É só dar uma olhada nos posts com mais comentários. Todos eles, de alguma forma começaram a revelar alguma coisa do campo pessoal ligada a minha pessoa. Você é muito impaciente. Mas calma! No próximo post vou falar sobre mim. Coisas que nunca falei. Para ninguém.

Por hoje é só. Até mais.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

O paradoxo da loucura.


A coisa mais interessante desse negócio de blog é esse negócio de comentário. Como eu também comecei anônimo, não exigi identificação em comentários da mesma forma. Mas o primeiro comentário do blog não foi anônimo, foi de um sujeito chamado “Teatro loko”, que não acrescentou nada. Apenas perguntou se eu sou louco. E eu ainda dei-me ao trabalho de responder.

Eu perguntei para ele se eu fosse louco, como é que alguém poderia acreditar num atestado de loucura dado pelo próprio louco? E se eu dissesse que não, como saberia que não é mentira? Você percebe o imenso paradoxo que há nisto tudo? Eu não sei se alguém já falou disso antes. Mas devem ter falado, afinal de contas hoje em dia é impossível ser original.

Mas vou chamar isso de “Paradoxo da Loucura”. Você nunca vai saber pelo próprio louco se ele é louco ou não. E o diagnóstico para desordens mentais deve ser mais complexo do que possa talvez parecer para o senhor “Teatro loko”. Ou também para os outros que também disseram algo parecido, como a Dona Lilian (não me deixou irritado por seus erros, é difícil me deixar irritado). Já a dona Beatriz Vernitz me perguntou se estou em crise de contar algo... Talvez esse fosse o meu divâ particular...

Mas falando em loucura, li algo legal sobre isso essa semana. Dizia que pior do que a loucura seria vagar na região intermediária entre a lucidez e a loucura. Não ter o benefício de não entender e amargurar a prisão de ser lúcido.

E li ainda sobre um negócio chamado síndrome do encarceramento, que é um tipo de coma onde o paciente fica acordado e consciente, ouve, entende coisas e pode sentir dor. Mas, como está completamente paralisado e só é capaz de mover os olhos, os médicos podem declarar seu estado como vegetativo.

Aí pensei na imensa metáfora que havia nisto tudo e perguntei-me, será que aquelas pessoas que entram no meu blog e às vezes deixam comentários tão interessantes, conseguiriam entender o que eu quis dizer se eu fizesse uma analogia dos estados de lucidez questionando a simples necessidade de ser lúcido que é a única coisa que faz você ter certeza de que tudo existe?

E como coesão nunca foi uma das características mais marcantes deste blog, lembrei-me de uma entrevista que vi do Raul Seixas no show do Jô Soares, que havia perguntado para ele quais seriam as características principais de um maluco beleza. Raul respondeu que ele era maluco beleza nos anos setenta, mas que, na época da entrevista, ele não falava muito, preferia pensar. Jô Soares entendeu que ele se referia aos problemas que teve ao se expressar nessa época que acabaram acarretando sua expulsão do país, por ser um dos supostos líderes de uma tal de “Sociedade Alternativa”, que entretanto só existia em suas letras.

E fiquei me perguntando se eu queria me esforçar para ser um sujeito normal, na loucura real. Ou se preferia aprender a ser louco, um maluco total. E controlar a minha maluquez, misturada com minha lucidez.

E não disse nada, mesmo tendo falado bastante.

Como fazem os loucos.

Ou talvez tenha dito tudo, mesmo sem parecer ter sentido.

Como já fizeram muitos.

Mas talvez um dia entendam.

Ou não.

sábado, 5 de abril de 2008

Marionetes.

Pronto! Estou falando demais sobre mim. Estou aqui, botões desabotoados, e você aí, sentada na frente do computador, sem ter tirado nada da tua roupa.

Pois saiba que isto não vai mais ficar assim. Chegou a hora de parar de falar sobre mim. Vou falar de alguém muito mais intrigante do que eu. Vou falar de você!

Não se faça de surpresa. Você já sabia disto. No fundo sempre soube. E se parar para pensar, deve ter sido justo isto o que aguçou sua curiosidade e fez você ler até aqui.

Você ainda sabe pouco sobre mim, mas acha que leva vantagem, pois eu não sei nada sobre você. E é aí que você se engana. Eu não sei tudo, mas eu sei muitas coisas sobre você. Enquanto você me investigava, eu também te investiguei.

Você deixou rastros, me mostrou um pouco de ti. Isto abriu brechas. Fez-me lembrar de uma personagem de um livro que li e que no meio de uma paranóia absoluta, dizia “se eles sabem o seu nome, e conhecem o teu rosto, eles têm controle sobre você”.

Quando me lembro desta personagem eu rio comigo mesmo por que me lembro daquele negócio de Orkut. Dentro desse meu repentino interesse por conhecer as nuances desse mundo digital do qual estou participando, fui verificar como é que é esse negócio.

Entrei em comunidades, acrescentei pessoas conhecidas. Escrevi alguns posts. Algumas brincadeiras. Claro. Entrei em algumas páginas, quase que aleatórias, e escrevi:

“Atenção!

Você pode ser uma das pessoas escolhidas para participar de um certo tipo de pesquisa comportamental.

Se você receber algum e-mail te chamando para visitar o site

http://literaturaproibida.blogspot.com/

Não entre. É uma armadilha.

Não que tenha algum vírus, ou qualquer coisa do gênero. Mas pode ser muito pior.

Só entre se tiver certeza.

Obrigado.”

Um segredo: Era verdade. Era um experimento comportamental. Eu queria descobrir quantas pessoas, lendo um anúncio destes, realmente se disporia a fazer isso... Acho que quase todo mundo apagou a mensagem e não entrou na página não.

Ou não. Talvez eu esteja mentindo. Talvez isso realmente seja uma pesquisa comportamental. Desde o começo. E você está fazendo parte dela. Você sabe alguma coisa sobre hipnose? Programação neurolingüística?

Você duvida que existem técnicas feitas especialmente para te dominar? Ou você é um daqueles que vive preso às suas próprias ilusões de liberdade?

Não sei.

Mas talvez saiba e não quero contar.

Até a próxima.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Intimidades inconscientes.

Sabe o que mais me intriga? De onde é que surgem seres humanos que deixam um comentário como o que deixaram na última mensagem. Não respondi ainda pois ainda estou pensando numa resposta à altura a um comentário tão bem colocado. Confesso que me surpreendi. Parabéns, senhor anônimo. Você conseguiu fazer com que eu realmente reflita sobre as coisas que escreveu. Não sei de onde tirou isso, mas o que escreveu é surpreendentemente familiar para mim.

Mas ainda estou intrigado com esse negócio de sonhos. E é sobre isso o que vou falar agora.

Para Jung, ao contrário de Freud, as situações absurdas dos sonhos, não seriam uma fachada, mas a forma própria do inconsciente de se expressar. Há os sonhos comuns e os arquetípicos, revestidos de grande poder revelador para quem sonha. Os sonhos seriam uma demonstração da realidade do inconsciente. Sendo estudados corretamente pode-se descrever, ou melhor, conhecer o momento psicológico do indivíduo.

Isso quer dizer que se eu começar a contar meus sonhos, você pode começar a querer me analisar. Mas eu não te conheço, talvez você sequer exista, como eu disse antes. Mas e se você for um psicólogo? Um psicanalista? Psiquiatra? Além de estar observando o quão vagas e superficiais são minhas explicações para os fenômenos que você estuda, o que mais tem percebido?

Hoje é o décimo terceiro dia de postagem. Como eu também gosto do número 13, não sei por que, vou comemorar de alguma forma, assim como fiz com o sexto, lá atrás, e do qual ou você não leu, ou não se lembra.

É mais uma parte do jogo. Falei pouco a respeito dele. Não repeti nos outros posts. Foi o décimo post. O jogo. Falei vagamente sobre o objetivo disso tudo. Mas não fui específico. O negócio é, que se você está lendo isso agora, ou pior, se já leu isso antes, você está dentro do jogo, quer você queira ou não.

Em todos os posts antigos existem pistas, simbologias, explicações, peças perdidas de um quebra-cabeças que você nunca viu. Mas você pode participar mais ativamente se quiser. Eu não sei se deveria, ainda estou tentando descobrir isso, eu mesmo. Mas se entrar, pode conhecer coisas que nunca viu antes.

Não que isso seja necessariamente bom, mas se você for curioso, vai querer saber mais sobre isso. Existem várias formas de você participar. Em uma delas, você pode mandar mensagens para o e-mail:

reflexosdemimmesmo@gmail.com

Conte seus sonhos. Dê suas interpretações para eles. Para os posts que lê aqui. Você quer saber mais sobre literatura proibida? Então diga por quê. Diga quais são suas paixões, seus demônios. Não precisa ser de seu e-mail pessoal. Não precisa se identificar.

Você vai virar o leitor, o personagem e o autor de uma história. Mas é uma história proibida. Só escreva se tiver certeza.

E esse é mais um dos posts que vai se perder no meio dos outros que estão arquivados. Mas se um dia alguém vier desenterrar todos os posts antigos irá descobrir. E será um mistério.

Ou não.

Talvez eu tenha escrito isto só pra ver no que dá. Talvez seja tudo invenção minha, e eu seja algum maluco como disseram em alguns dos comentários das mensagens.

Mas disso, você nunca terá certeza. Até onde vai sua curiosidade? Você já parou para se perguntar até o que você seria capaz de sacrificar para satisfazer uma curiosidade?

Até a próxima.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Os sonhos.

Sonho estranho esse que eu tive ontem, não é?

Afinal de contas o que são os sonhos? O que eles representam? As religiões dizem uma coisa, a cultura diz outra, já a ciência diz outra diferente das duas.

A Wikipedia diz que o sonho é uma experiência de imaginação do inconsciente durante nosso período de sono. Sabe-se que até os bebês no útero sonham, mas não se sabe com o quê. Em diversas tradições culturais e religiosas o sonho aparece revestido de poderes premonitórios ou até mesmo de uma expansão da consciência.

Sigmund Freud definiu o conteúdo do sonho como “realização dos desejos”. No enredo onírico haveria o sentido manifesto (a fachada) e o sentido latente (o significado), este último realmente importante. A fachada seria um despiste do superego (o censor da psique, que escolhe o que se torna consciente ou não dos conteúdos inconscientes), enquanto o sentido latente, por meio da interpretação simbólica, revelaria o desejo do sonhador por trás dos aparentes absurdos da narrativa.

Ele tem razão em uma coisa. Os sonhos realmente parecem absurdos. A maioria deles não compensaria nem contar, tamanho o surrealismo dos mesmos. São coisas sem pé nem cabeça. Pessoas que eu conheço, mas que não se conhecem, convivem normalmente. Coisas de uma cidade se misturam com as de outra.

Esta noite sonhei que estava andando de carro perto de uma floresta que existe em minha cidade natal. De repente comecei a escutar barulhos de rezas e a floresta começou a queimar. Aí encontrei algumas pessoas com as quais convivo hoje, e que sequer conhecem minha cidade natal. Suspeitei de um ritual satânico acontecendo na floresta, mas não sei por quê. Aí encontrei um lugar aberto, no meio da floresta, como se fosse um grande pátio. E estavam todos ali. Centenas de pessoas. Era um show de talento. Um show de talento, meu deus do céu. O que é que tem a ver? Tinha um pessoal que se formou comigo na faculdade. Tinha até um gordo, que no sonho, conseguia dar chutes altíssimos.

E realmente. Se alguém escrevesse um livro baseado em sonhos, ele iria parecer um total absurdo... O mesmo seria se eu fizesse um blog totalmente baseado neles. Mas será que por trás de todas as coisas estranhas que podem acontecer, não haveria algo implícito, como disse Freud? Algum significado?

Mas a interpretação de Freud é hoje extensamente contrariada, ou ao menos, complementada. Segundo Jung, os sonhos não são apenas reveladores de desejos ocultos. Na busca pelo equilíbrio, personagens arquetípicas interagem nos sonhos em um conflito que buscam levar ao consciente conteúdos do inconsciente. Entre essas personagens, estão a anima (força feminina na psique dos homens), o animus (força masculina na psique das mulheres) e a sombra (força que se alimenta dos aspectos não aceitos de nossa personalidade). Esta última, nos sonhos, é a grande vilã da história toda.

Para Jung, o importante é saber como o sonhador, o protagonista no sonho (que representa o ego) lida com as forças malignas (a sombra), para se averiguar como, na vida desperta, a pessoa lida com as adversidades, a autoridade e a oposição de idéias. Jung aponta os sonhos como forças naturais que auxiliam o ser humano no processo de individuação.

Isso quer dizer que os sonhos estariam me mostrando algo sobre mim que nem eu mesmo sei. Todos os meus anjos e demônios internos. Meus aliados e meus adversários numa guerra que é realizada toda noite enquanto eu durmo, sendo que na maioria das vezes, eu esqueço o que aconteceu...

E por que será que eu esqueço?

Não sei...

Mas acho que eu sabia...

Mas esqueci.

Bons sonhos.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

O primeiro sonho.


E começava mais uma edição do mais novo Big Brother. Só não me lembro o número. Não sei se já aconteceu, em algum país, e eu não me lembro direito ou se ainda vai acontecer em algum lugar. Mas talvez nunca tenha acontecido, e nunca vai acontecer, e seja mais uma bobeira minha.

Foi um sonho, uma lembrança, uma divagação, sei lá. Não consigo me lembrar exatamente como é que foi parar em minha mente. Só sei que é uma idéia, um sei-lá-oque da minha cabeça.

Os membros do Big Brother, que estavam todos reunidos, entravam na casa. Era ao vivo, o apresentador de TV mais querido do país estava lá, rindo, apresentando os novos jogadores. E riam. E o país inteiro assistia. E gostavam muito. Só que desta vez, os jogadores davam estranhos sorrisinhos sacanas entre si.

E então o apresentador passou a palavra para os jogadores. Apresentem-se:

_Olá eu sou o Fabrício. – Levantou-se. Um moreno forte, traços árabes. Tirou a camisa. Uma tatuagem nas costas: Foda-se a televisão. E mais embaixo: Satanás é o cara! – Eu entrei nessa, - continuou. – Para comer todas essas gostosas que estão aqui. – E virou-se pra câmera. E continuou falando. – Tá filmando? Tá ao vivo? Minha senhora, preste atenção no que vou dizer: Vai tomar no seu cú! – Arranca o pênis de fora e balança em frente à câmera.

A audiência do programa sobe violentamente. O apresentador fica desesperado, não sabe se pede para o rapaz parar de fazer isso, pois era uma apresentação ao vivo, ou se ficava quieto e engolia o aumento da audiência.

Aquela foi a edição mais famosa do Big Brother em tempos, e de longe, a mais polêmica. Os personagens faziam nudismos descarados, teve sexo sendo realizado explicitamente, surubas. O tempo inteiro. Todos comentavam sobre isso, nos açougues, no trabalho, com parentes, amigos.

E as ondas de gimnosofismo não pararam por aí. Em seguida foi a vez da seleção Brasileira, na final da copa do mundo, contra a Itália. Todos os jogadores, no início da partida ficaram pelados, em prol do gimnosofismo. E teve mais!

Filmes normais começaram a exibir cenas de sexo explícito. Tarantino dirigiu um filme, parecido com seus primeiros filmes, com ladroagem, cinismo e derramamento de sangue. Até aí nada era novidade, com exceção do fato de todos os atores terem sido interpretados por crianças, e os únicos adultos que apareceram no filme eram figurantes que ficavam fazendo sexo, no fundo das cenas. Só não me lembro a história desse filme... Só sei que deu o que falar.

E eu não sei de onde tirei isso.

Só sei que foi assim.

Até mais.