quinta-feira, 10 de abril de 2008

Super Heróis.

Outra coisa sobre mim: Cresci nos anos oitenta. Assistia He-Man e caverna do dragão. Fui alimentado pela indústria dos sonhos da televisão. Acreditava piamente que um dia eu me tornaria um herói. Se eu não tinha poderes, um dia ainda teria. Mas aí um dia, aos 5 anos de idade, tentei pular de um muro para me segurar em um galho, assim como o Batman sempre faz e caí, em cima do meu braço. Quebrei.

E quebrei a cara. Foi uma desilusão horrível. Pior que esta só quando finalmente me dei conta, aos 8, que o papai noel realmente não existia. Mas eu ainda queria ser um herói... E como eu não teria super poderes, e nem o dinheirão do Batman para comprar todas aquelas geringonças, precisava de outro referencial... Foi quando descobri... Stephen Spielberg!

Isso mesmo! Indiana Jones! O cara era normal, só tinha uma imensa sorte e um conhecimento imenso de línguas, geografias e história. Mas para ser como ele eu tinha que estudar muito sobre história. Foi quando eu comecei a estudar. E estudava muito, preso dentro de casa, só. E mergulhei em mim mesmo, em minha mente. Até que mergulhei tanto, que deixei de acreditar em mais um dos heróis dos quais haviam me ensinado a idolatrar.

Um tal de Jeová. O Deus. E Deus ta vendo. E Deus castiga. Deus é quem sabe. Ouvi essas coisas a minha vida inteira, e chegou um momento em que elas começaram a me perturbar profundamente. Toda a história do velho testamento é recheada por um tempero de um deus vingativo, pró-guerras. O “Senhor dos Exércitos”. Expulsou Adão e Eva do paraíso por que eles desobedeceram, sendo que ele (pelo menos no Gênesis) nem explicou por que eles não deveriam ter feito o que fizeram. Então temos que obedecer cegamente, sem saber por que?

Eu não sou muito bom neste negócio... Obedecer. Confesso. Mas tem histórias piores. Queimou Sodoma e Gomorra aparentemente por que os carinhas dessas cidades eram pervertidos sexuais... E daí? Até hoje ninguém conseguiu me convencer com qualquer argumento lógico por que é que se deve impor barreiras para controlar o comportamento sexual das pessoas. Salvas algumas exceções, claro, como a pedofilia ou, talvez, a zoofilia.

E teve até um cara (anônimo, como eu) que fez um comentário em uma das mensagens lá atrás, sugerindo que eu podia ter alguma “anomalia” sexual. Ser gay, pedófilo ou até zoófilo. Não vou comentar nada a respeito da minha sexualidade, pois ainda não é o momento, mas não sou nenhuma dessas coisas.

Sou apenas um cara, puto da vida com o fato de ter descoberto que nunca serei um herói. Nunca terei super poderes. Talvez nunca faça nada digno de admiração. Aí eu me pergunto... Valeu a pena eu ter existido? Para ser apenas mais um personagem secundário desta história idiota que este tal de Jeová está escrevendo? E a peça já começou. Não dá mais para mudar de personagem. Só podemos escolher como é que vamos atuar.